Por que não se vitimizar é importante para obter sucesso

 

“Talvez a falha não esteja no mundo. Talvez ela esteja em você.”

Jordan B. Peterson

           

            Este texto não será uma resenha sobre o livro da foto, mas é uma reflexão pessoal ocasionada pela leitura da obra do psicológo Jordan B. Peterson. A frase do autor em destaque que retirei do capítulo 7 do livro: “Busque o que é significativo, não o que é conveniente”, fez-me recordar a pessoa que eu era há 7 anos. Como todo ser humano, eu tenho defeitos e qualidades, assim, duas grandes imperfeições minhas eram o pessimismo e, principalmente, a vitimização. Para mim, não foi fácil perceber que eu adorava me colocar no papel de vítima em algumas situações e culpar o mundo e outras pessoas pelo meu fracasso pessoal. Sim, eu sofri traumas e grandes desafios apareceram na minha vida ao longo dos anos, creio que devido a esses acontecimentos eu comecei a me vitimizar sem perceber. O pior foi que eu fui começando a gostar de representar esse papel: o papel da pessoa que acha que a vida é injusta com ela.

Já o pessimismo aflorou em mim porque eu fui criada em um ambiente envolto na negatividade. Desse modo, desde a infância eu ouvia frases proferidas por alguns membros da minha família como: “Pobre nasceu para morrer pobre”, “Somos pobres, por isso nunca teremos sucesso”, “Somos azarados”, “A vida é dura demais com a gente”, entre outros ditos. Mas, mesmo sendo pessimista, muitas vezes, fui contra esse meu defeito e consegui realizar muitas coisas importantes na minha vida como me formar em uma universidade. E foi durante a universidade, mas principalmente após o término do curso, que eu vesti a carapuça da vitimização.

Como a maioria dos brasileiros, eu tinha a noção de que para ser bem sucedido na carreira profissional é necessário ser aprovado em um concurso público. Sendo assim, após receber o meu diploma de graduação, comecei a enveredar pelo caminho dos concursos públicos. O primeiro concurso que eu fiz na área da minha profissão foi para professora do estado do RN, não fui aprovada. Fiquei péssima! Eu sempre tirava notas boas no ensino básico e na universidade, em certas ocasiões, eu era elogiada pelos professores. Eu havia passado no meu primeiro vestibular e também na primeira tentativa para o mestrado. Ao olhar dos meus mestres eu era uma vencedora, por isso, infelizmente ninguém havia me ensinado como ser uma perdedora. Depois tentei mais quatro concursos, resultado: reprovada em todos! Isso bastou para eu começar a culpar o mundo, outras pessoas, e o status financeiro da minha família pelo meu fracasso. Eu adorava falar para os meus amigos “as coisas nunca dão certo para mim”, “A vida é injusta!”, eu sempre estava me queixando por não ter uma oportunidade para iniciar a minha carreira profissional. Eu era uma pessoa prejudicada pelo sistema. Eu adorava expor o meu sofrimento, mas amava quando os outros o reconheciam.

Eu estava tão cega por causa da venda do pessimismo que não conseguia enxergar que todos os concursos públicos que eu fiz eram oportunidades que a vida estava me dando, eu apenas não soube me preparar corretamente para eles.

Eu comecei a me tornar uma pessoa tóxica e amargurada, e eu só consegui perceber isso quando pessoas começaram a se afastar de mim. E sim, eu demorei alguns anos para cair na real e assumir as rédeas da minha vida. Com dificuldade, mas com garra, eu abandonei a mentalidade de vítima, comecei a frequentar um centro espírita e ler as obras de Allan Kardec, em seguida, li livros sobre o budismo, assisti palestras de filósofos da atualidade, comecei a praticar exercícios físicos e a meditar, mudei a minha alimentação e, o principal, comecei a banir da minha mente os pensamentos negativos e passei a acreditar mais no meu potencial.

“E daí se todas as escolas particulares para as quais eu enviei o meu currículo não entraram em contato comigo, e daí se não fui aprovada em nenhum concurso público que fiz, eu vou criar a minha própria oportunidade de trabalho”, esse foi o meu primeiro pensamento após me curar do pessimismo e da vitimização. Foi então que eu tive a ideia de montar um cursinho para preparar alunos que desejavam ser aprovados na prova do IFRN para estudarem nessa instituição federal de renome.

Desse modo, eu montei toda a grade do curso (redação, gramática e interpretação textual) e os carnês para o pagamento das mensalidades, também produzi os cartazes para divulgação do curso e entrei em contato com uma escola pública pedindo uma sala emprestada para eu ministrar o curso, em troca eu ofertei 5 bolsas de estudos para os alunos da escola. Naquela época, eu abri 15 vagas, me surpreendi quando o curso teve 37 inscritos. Eu havia criado a minha oportunidade de trabalho, sem a ajuda de ninguém. Dediquei-me ao curso com afinco, porque aquela era a oportunidade de fazer o meu nome no mercado. O resultado foi que tive vários alunos aprovados no IFRN e nos anos seguintes o número de alunos no meu curso só aumentava.

Mas eu não estava satisfeita, comecei a nutrir em mim o sonho de ser professora do IFRN, mas principalmente morar na capital. Eu não gostava de viver em uma cidade pequena, eu sentia que não me encaixava naquele lugar. Foi então que começou a minha “luta” para me tornar professora do IFRN. Fracassei 7 vezes. Na primeira vez fiquei desolada, na segunda vez também, na terceira vez eu já havia me acostumado com o sentimento da derrota, mas não havia me entregado a ela. Todas as 7 vezes que fracassei serviram como uma lição, e a cada nova tentativa eu corrigia os erros cometidos antes, até que na 8º investida eu consegui! Sai da nota de 35 (que tirei na 1º tentativa) para 95!

Desde que abandonei a vitimização, eu construir uma rotina voltada para o meu crescimento pessoal, espiritual e profissional. Busco agir no mundo de uma maneira que eu alcance resultados positivos na minha vida e que eu também possa deixar na vida do outro um pensamento, ou uma lição construtiva. Aproveito todas as oportunidades de crescimento profissional que surgem no meu caminho e dou 100% de mim nas tarefas que preciso realizar, seja no trabalho ou em casa (eu mesma limpo o meu lar e também cozinho).

Claro que há dias nos quais o pessimismo bate à porta, principalmente no momento atual no qual estamos vivenciando, mundialmente, uma pandemia. Mesmo assim, vigio a minha mente e tomo o cuidado com os meus pensamentos. Aprendi que aquietar a mente em meio as tempestades da vida é importantíssimo para manter o equilíbrio emocional. Quando você sai da zona da vitimização e começa a se comportar de uma maneira determinada e proativa a sua vida muda para melhor. Trocar a reclamação pela ação e pela gratidão foi uma das maiores realizações pessoais da minha vida. Corrigir um defeito individual não é fácil, porém não é impossível.

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