Há 3 meses estou trancada dentro da minha casa, eu estou tendo esse privilégio, enquanto o mundo enfrenta uma das maiores pandemias da história. Durante esse tempo de confinamento, eu já passei por várias fases e diversos sentimentos: faxineira exemplar, tristeza, melancolia, alívio, medo, esportista na sala, chef de cozinha, professora youtuber, ansiedade, revolta, paz interior, aproveitar a própria companhia, a leitora voraz, desânimo, novos projetos, entre outras atividades e sentimentos. Eu nunca havia absorvido tanta notícia ruim transmitida pela mídia. Nunca havia vivido na incerteza do amanhã e no pensamento focado na morte. Nunca havia tido tanto pesadelo como estou tendo agora. É um momento delicado e que exige de nós uma escolha: entrar em pânico ou manter a calma e tentar enxergar esse momento como uma oportunidade de observar a si mesmo em profundidade e o que podemos fazer para melhorar e ajudar a sociedade.
A 1º coisa que eu observei nessa quarentena é que a vida é muito frágil. Eu já sabia disso, mas nunca havia parado para realmente entender que a nossa vida pode ter um fim a qualquer momento. Esse pensamento é assustador, mas também necessário, porque nos faz enxergar a vida com gratidão e com mais respeito; respeito pelas nossas principais casas: o nosso corpo e o mundo.
A 2º coisa que percebi é que eu estava tendo uma vida acelerada. Eu acordava às 4:40 da madrugada e muitas vezes parava de trabalhar às 21h ou 22h. Minha rotina girava em torno de cumprir metas, assim, eu trabalhava até nos fins de semana e nos feriados (professor e pesquisador não sabe o real significado da palavra férias). Eu estava mergulhada em uma vida que tinha a carreira profissional em primeiro lugar, na qual a minha produtividade era mais importante do que parar um segundo para observar o pôr-do-sol. Nessa turbulência de cumprir prazos, eu perdi dois hábitos que eu amava desde a infância: escrever e ler (ler um livro com a intenção de apenas relaxar). É muito importante você dar o melhor de si no seu trabalho, ou em qualquer tarefa que você fará, porém também é muito importante você apertar o botão de pause e observar as coisas simples da vida. Na semana passada, da janela do meu banheiro, eu observei um arco-íris. Percorri os meus olhos tranquilos por todas as suas cores, pelo seu formato e pela sua beleza incomparável, eu não fazia isso desde que eu era uma criança. Foi uma experiência simples, nostálgica e que me trouxe uma grande felicidade e uma calorosa paz espiritual.
3º É importante ter cuidado com as pessoas que você segue e com o conteúdo que você absorve nas redes sociais. No momento atual, o unfollow está sendo a maior forma de libertação para uma boa saúde mental. Muitos influenciadores digitais e até pessoas conhecidas expõem coisas nos seus perfis que não deveríamos absorver. Por exemplo, conteúdos que te forçam a buscar um ‘corpo ou uma vida perfeita’, perfis que só publicam notícias ruins ou que disseminam o ódio. Duas dicas de perfis que são um amorzinho para seguir é: @razõesparaacreditar e @midiaamor.
4º Cuidar do outro é cuidar de si mesmo. Tudo no mundo está ligado e interligado, uma decisão minha pode afetar todo o planeta e a vida do outro. O que eu/você podemos fazer para melhorar a convivência social? O que eu posso mudar em mim que fará bem para o meu ser e para o planeta terra? Somos seres únicos, mas que vivemos em comunidade e precisamos agir de uma maneira que os nossos atos beneficiem o todo.
Por fim, a 5º coisa que aprendi é a importância de ter tempo para a família, estamos redescobrindo o prazer de estarmos próximos dos nossos pais, filhos, sobrinhos e avós; do quanto a família é um pilar importantíssimo na nossa vida. O cenário pandêmico também está nos ensinando como um abraço é um gesto que cura a alma e que faz muita falta. É muito ruim estar se sentindo mal e não poder receber um abraço para acalentar o coração. Dentro desses pontos, também destaca-se o pensamento “o que é essencial para a minha vida?”, a pandemia nos ensinou que precisamos de muito menos para sobreviver. Existem muitas coisas que nós consumíamos que a gente achava que era essencial, mas na verdade era apenas futilidade.
Vou encerrar este post deixando uma lista de livros que li/estou lendo e que estão me ajudando a manter a calma e o pensamento positivo, além de me possibilitarem grandes aprendizados sobre a existência humana.
1 – Aprenda a vivar o agora (Monja Coen);
2 – Zen para distraídos: Princípios para viver melhor no mundo moderno (Monja Coen);
3 – 12 regras para a vida: um antídoto para o caos (Jordan Peterson);
4 – Ikigai: Os cinco passos para encontrar o seu propósito de vida e ser feliz (Ken Moji).