A literatura é entendida por Aristóteles em sua obra Os pensadores (1973) como uma das mais belas artes. Segundo o filósofo, o escritor não narra o que exatamente aconteceu, mas o que poderia ter acontecido, pois “o imitar é congênito no homem (e nisso difere dos outros viventes, pois, de todos, é ele o mais imitador, e por imitação, aprende as primeiras noções), e os homens se comprazem no imitado” (ARISTOTELES, 1991, p. 248). Dessa forma, o objeto da literatura são as ações do homem, sendo assim, a literatura possui amplas possibilidades de estudo e de interpretação possibilitando, dessa forma, o amadurecimento sensível e intelectual do estudante, além de um profundo conhecimento de mundo. A literatura é de suma importância para o ensino de língua portuguesa. Quanto mais o aluno ler bons livros, mais ele aprende sobre os mecanismos de funcionamento
da língua, tanto escrita quanto falada.
Nessa perspectiva, apresento seis obras literárias que são as minhas preferidas e que me ajudaram a aumentar o meu vocabulário e também a aprimorar a minha escrita.
O primeiro livro que indico é Helena, Machado de Assis. Confesso que relutei anos para iniciar a leitura dessa obra, porque eu imaginava que seria uma leitura maçante, mas me surpreendi com a história que prendeu muito a minha atenção. Li a obra em um único dia.
Resumo: Pertencente à fase romântica do autor, Helena já anuncia traços que fariam de Machado de Assis o grande nome do realismo brasileiro. Publicado em 1876, Helena pertence à primeira fase da obra de Machado de Assis. No romance, a protagonista de origens humildes é reconhecida em testamento como filha e herdeira do conselheiro Vale, um homem importante da elite carioca do Segundo Império. Após o espólio do pai vir à tona, Helena passa a viver na mansão da família do Vale com uma tia e Estácio, filho legítimo do conselheiro. Estácio não apenas aceita a meia-irmã como lhe devota um profundo e crescente carinho, por ela correspondido. Ao drama de incesto abordado por Machado no romance, soma-se ainda o tema das conflituosas relações de classe no Brasil do século XIX, coroados por um final surpreendente.
Orgulho e Preconceito de Jane Austen, sou suspeita para falar a respeito desse romance, uma vez que sou fã das obras da autora inglesa. Conheci esse livro durante um curso sobre adaptações de obras para o cinema, durante a universidade, apaixonei-me pelo filme protagonizado por Keira Knightley e Matthew Macfadyen (já revi o filme mais de dez vezes), depois disso, comprei o livro e o reli duas vezes. A história é simples, desse modo, o que prende a atenção do leitor é o romance entre os protagonistas (Mr. Darcy, meu amor platônico literário), a linguagem é rebuscada.
Resumo: Orgulho e preconceito é o livro mais famoso de Jane Austen e possui uma série de personagens inesquecíveis e um enredo memorável. Austen nos apresenta Elizabeth Bennet como heroína irresistível e seu pretendente aristocrático, o sr. Darcy. Nesse livro, aspectos diferentes são abordados: orgulho encontra preconceito, ascendência social confronta desprezo social, equívocos e julgamentos antecipados conduzem alguns personagens ao sofrimento e ao escândalo. O livro pode ser considerado a obra-prima da escritora, que equilibra comédia com seriedade, observação meticulosa das atitudes humanas e sua ironia refinada.
Mais uma obra estrangeira, O Morro dos Ventos Uivantes. O livro da escritora inglesa Emily Brontë, apresenta uma linguagem também rebuscada, mas achei de fácil compreensão, uma vez que eu li a obra com muita atenção. Li o livro quando eu era adolescente e reli há dois anos.
Resumo: Único romance da escritora Emily Brontë, O Morro dos Ventos Uivantes retrata uma trágica história de amor e obsessão em que os personagens principais são a obstinada e geniosa Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo, Heathcliff. Grosseiro, humilhado e rejeitado, ele guarda apenas rancor no coração, mas tem com Catherine um relacionamento marcado por amor e, ao mesmo tempo, ódio. Essa ligação perdura mesmo com o casamento de Catherine com Edgar Linton.
O escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, acompanha-me desde a época do meu TCC e da minha dissertação de Mestrado, uma vez que os meus trabalhos estavam voltados para a análise das suas obras e da sua vida. Morangos Mofados, coletânea de contos, é uma obra que apresenta narrativas que abordagem da marginalização da
juventude brasileira da geração dos anos 1960.
Resumo: Em sua obra mais célebre, publicada em 1982, quando tinha trinta e quatro anos, Caio Fernando Abreu faz transbordar de cada página a angústia, o desassossego e o estilo confessional que o consolidaram como uma das vozes mais combativas e radicais de sua época. A prosa visceral dos dezoito contos de Morangos mofados ― potencializada pela hesitação coletiva de um país que vislumbrava a redemocratização ante a falência incipiente do regime militar ― traduziu as inconstâncias humanas mais profundas e continua, ainda hoje, arrebatando leitores de todas as gerações. Para José Castello, que assina o posfácio desta edição, embora seja um livro de narrativas curtas, “a obra mantém uma férrea unidade, em torno da coragem de se despir, da fidelidade aos sentimentos mais íntimos e mesmo os mais terríveis, e ainda à dificuldade de ser”.
Como não citar uma obra da Clarice Lispector? Uma das maiores escritoras do mundo! Clarice é simplesmente genial e profunda. Seus livros têm que serem lidos com calma e atenção, uma vez que a autora utiliza-se de muita sensibilidade e questionamentos profundos sobre a vida.
Resumo: O lustre é, provavelmente, o livro menos conhecido de Clarice Lispector. Publicado em 1946 e reeditado pela última vez em 1976, o livro não foge às características que consagraram o estilo único de Clarice: o delicado tom intimista pontualmente quebrado por perturbadoras metáforas, a exposição impiedosa da alma humana sem que sejam revelados os mistérios de cada personagem. Em O lustre a sensação de inquietude é ainda mais intensa. Trafega-se, a maior parte do tempo, pelo mundo interior da protagonista, Virgínia, desde sua infância numa fazendola em um remoto vilarejo do interior até a vida adulta numa cidade grande e solitária. Clarice não permite ao leitor jamais ter completo acesso ao que se passa do lado de fora ― a não ser na crua e, talvez, surpreendente cena final. No universo subjetivo da escritora, a única clareza está nos sentimentos. Virgínia ama seu irmão, Daniel, sua alma gêmea, seu senhor. Virgínia ama seu amante, Vicente, a quem conhece tão pouco. A história é contada como num jogo de luzes e sombras, cada parágrafo permitindo apenas antever, de relance, a força sufocante de tanto amor. Clarice Lispector terminou de escrever O lustre em Nápoles, no final da II Guerra Mundial, onde estava acompanhando o marido diplomata. Numa carta, o escritor Lúcio Costa criticou o título do livro ― achou-o muito pobre para a rica personalidade de Clarice. “Nunca consegui mesmo convencer você de que eu sou pobre”, respondeu ela. E completou, tristemente irônica: “Infelizmente, quanto mais pobre, com mais enfeites me enfeito. No dia em que eu conseguir uma forma tão pobre como eu o sou por dentro, em vez de carta, você receberá uma caixinha cheia de pó de Clarice.” O lustre, como os demais títulos de Clarice Lispector relançados pela Rocco, recebeu novo tratamento gráfico e passou por rigorosa revisão de texto, feita pela especialista em crítica textual Marlene Gomes Mendes, baseada em sua primeira edição.
Com certeza, As horas nuas, é o meu livro favorito da escritora Lygia Fagundes Telles. Apresenta um enredo fragmentado e que em alguns momentos tem como narrador o gato de estimação da personagem principal. Além disso, retratando ações, comportamentos e costumes dos indivíduos e da sociedade na qual ele está inserido. Também aborda um assunto que assusta muitas pessoas: o envelhecimento.
Resumo: Rosa Ambrósio, uma atriz de teatro decadente, passa em revista, entre generosas doses de uísque, os amores de sua vida. O primo Miguel, sua paixão adolescente, morreu de overdose por volta dos vinte anos. Gregório, seu marido, virou um homem taciturno depois que foi torturado pela ditadura militar. Diogo, seu amante e último companheiro, trocou-a por moças mais jovens. Alternando vozes e pontos de vista, passando do fluxo interno de consciência à narrativa em terceira pessoa, Lygia Fagundes Telles atesta aqui sua maestria literária e sua maturidade artística, pondo em cena grandes temas de nosso tempo – o movimento feminista, a cultura de massa, a aids, as drogas -, mediados pelos destinos individuais de um punhado de criaturas. Publicado originalmente em 1989, As horas nuas tem sido aclamado desde então como um dos romances mais vigorosos e sutis da autora.
Informações sobre os livros: www.amazon.com.br